segunda-feira, 22 de julho de 2013

eterno velar (da série "ecos de Maldoror")*



tocou-me com suas palavras
e seu hálito nefasto
incitou-me tormentas adormecidas
e as horas se esqueceram
do tempo e viraram prurido

apesar de tantas mortes por fumo
apesar de tantas dores sem prumo
perpetuamos essa saga mórbida
um velando o outro

o verbo permanece ferindo
meu silêncio quase falo de ruínas
quase sufoco ao ponderar no escuro

desde então vivo na fraqueza
desde então sou a miséria
espelhos queimando
um na fogueira do outro

pobres almas espelhadas





*agradecimento especial a Fransérgio Araújo, por ceder sua imagem e me apresentar Isidore Ducasse

2 comentários:

André Foltran disse...

A dor de ser um
no outro...

Grande abraço!

Tuca Zamagna disse...

Muito bom, Larissa. E justifica plenamente o título da série: o tema, o clima, a ótica... tudo a ver com o grande Lautréamont.