sábado, 19 de maio de 2007

limítrofe

devotei-me à traição
e amo-te em mosaicos conflitantes
resisto ao seu querer
e persisto dissociada
em dúvidas e orgias ficcionais
extremos passionais

soul-te inteira
sem limites tênues
errante e impulsiva
idealizo tudo
a crença utópica
do endeusar pagão
dilacero-te e peço-te
não me deixe morrer só!

quinta-feira, 17 de maio de 2007

Incompreensão





Um dia ouvindo uma amiga contar de seu lindo casamento, sua linda casa, seus lindos filhos, indaguei: “- Mas você é feliz?”
Ela não respondeu nem que sim nem que não, fez um discurso a la Hitler, batendo no peito e dizendo-me insultos, o menos cabeludo foi: “-Você tem é inveja, pois nunca viveu um grande amor!”
É realmente não vivi um grande amor, vivi vários e continuo vivendo. Meu amor maior é ególatra, hedonista e mesquinho, não sei compartilhar e ademais quem se ama acima de outros não tem rivais, não se sente ameaçado.
A incompreensão desse sentimento me desola, tenho pena de quem não consegue se amar, quem não se ama, não consegue amar o outro na grandeza maior, na abstração de ser por ser, sem amarras, livre de sobras e preconceitos chucros.
Eu sou feliz e livre, mesmo na incompreensão alheia, faço o que me convém, tenho meus medos, minhas fraquezas, meus vícios, mas quem não os têm, que atire a primeira pedra!
Minha amiga eu não sei, mas acredito que seja mais hipócrita ou mais tola do que eu, quem sabe?

sexta-feira, 11 de maio de 2007

Verdades imperfeitas


Procuravam as verdades imperfeitas, um nos olhos do outro. Mas só se viam mentindo, refletidos em espelhos da alma.
Peregrinos nesse caminhar incerto, tentando se encontrar noutro.
Suas farpas e espinhos eram agudos e certeiros, não podiam ver que estavam perdidos e talvez jamais se encontrassem.
Quem sabe não quisessem mesmo se encontrar, não assumissem que a liberdade é obtusa ao extremo e seus corações fracos demais?
Quem sabe não quisessem arcar com a consequências de suas escolhas mal feitas e destilassem seu veneno de impossibilidades um no outro?
Quem sabe?
O certo é que estavam juntos, e que se odiavam mutuamente, mas nenhum se rendia ao abandono.
Antes mal acompanhado que só!