segunda-feira, 22 de abril de 2013

alma costurada (da série ecos de Maldoror)*



devia saber desde o começo
o que fazia quando chorava
todas as xícaras quebradas
e ideais jogados no tempo
quantas vezes ligou à noite
quanto tempo apostou em nada?

mas sempre foi o ritmo das estocadas
que ditava o pulsar das veias
pequenas faíscas
virando incêndios incontroláveis
e é aí que o dilema habita
na forma voraz de consumo

e ainda ressoa a velha pergunta
“o que quer de mim, baby?”
então, a velha pergunta
“o que quer de mim, baby?

pois querem o que não
poderia ser sugado
por nenhuma língua
é mais que isso
é desejar em segredo
a pior dor que se pode causar

desmancha a costura
o homem fora de sincronia
sem eixo e queimando
em seu próprio jogo
tentando achar outro tipo
de ligação interna


*agradecimento especial a Fransérgio Araújo, por ceder sua imagem e me apresentar Isidore Ducasse