qual ficção celeste
essa linha imaginária
transfigura mapas
e ameniza calores
se não fosse o paralelo sul
onde meu equador abranda
seria liberta a febre tropical
que consome certos limites
hei de controlar meus solstícios
e essa desistência opaca
quase uma declinação ao frágil
hei de controlar as dores
e essa permanência estática
esse meridional em mim
quarta-feira, 30 de março de 2011
quarta-feira, 2 de março de 2011
Emir

Sou escritora, não poderia ser diferente, entrego-me aos pensamentos inventivos e quero ainda tomar os de todos que estão à minha volta.
Minha poesia é madrugadora e por vezes não me deixa dormir, os versos me estupram, roubam-me a fala, tomam-me o sono matinal.
Fujo do que não entendo, temo o que não entendo e nessa pressa da fuga não trago muita coisa, talvez pouco mais que minhas palavras e imaginação, quem além delas me salvariam do fio aço dos amanheceres rotineiros e quase vazios?
Os olhos trazem cada vez mais farpas de sonhos que foram ficando pelos caminhos, de contos mal feitos, de poesias não terminadas, de palavras sufocadas na ânsia de berrar.
E quantas delas já caíram no esquecimento e nem tentarão sair do cemitério que é meu peito desvalido?
A força que trago em minha carne não é mais que o querer que trago em minha boca falida, por isso caro Emir, não me deixo dormir.
Ao sussurrar histórias mentirosas em seus ouvidos, não era ilusão que costurava naquela colcha de retalhos azul e vermelho. O que eu tentei foram as notas ludibriosas e gentis de Sherazade.
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