
cimo
sou querer empírico
responsabilizada de ser
resvalando-me na inércia
de não ser
tento abrir as portas
que me afastam de mim
mesmo condenada
à liberdade insólita
do não poder
cimo
épica e lenta descoberta
corrompida pelo ego
qual Sísifo interno-me
eterna jornada
no subir e descer
da pedra
pintura de Modigliani

de madrugada
embriagado de nuvem
e azul cobalto
dormia
estático feito pedra
supunham-no morto
mas insistente no sonho
resistiu
de dia
homem-máquina
pés engrenagens
peito-polia
braços-corda
umbigo-corrente
durante a noite
não dormia
rasgava-se ao meio
bebida quente
barriga vazia
preso na terra
erguido por sonho
que não veio
obsoleta
peça de reposição
substituída
no fim de estação.