quarta-feira, 31 de agosto de 2011
Trópico de capricórnio
qual ficção celeste
essa linha imaginária
transfigura mapas
e ameniza calores
se não fosse o paralelo sul
onde meu equador abranda
seria liberta a febre tropical
que consome certos limites
hei de controlar meus solstícios
e essa desistência opaca
quase uma declinação ao frágil
hei de controlar as dores
e essa permanência estática
esse meridional em mim
quinta-feira, 9 de junho de 2011

estou farta de antropofagias
e de engolir o que não posso
digerir
são tantas nervuras e ditaduras
que mesmo que me engolisse
mil vezes não alcançaria
o centro do prato
estou farta de antropofagias
que me fazem comer pele
a carne e os olhos
e me fazem esquecer das vísceras
da bile
do coração
e dos intestinos
quero a pirofagia
deglutir o que queima
dilacera e dói no centro
e não deixa os olhos impunes
quero a queima do passado
não por esquecimento
mas por força do presente
que é o que tenho nas mãos.
segunda-feira, 30 de maio de 2011
Alice despedaçada

Veio cair em minha mão nada mais que um ás e uma rainha de copas. Olhava para as expressões pacíficas de outros jogadores, mas aquele jogo era o que menos importava. Sem xícaras de chá ou botões na lapela do Chapeleiro Louco, dodôs ou qualquer outra coisa que viesse da terra dos espelhos, eu era igual a todas as outras.
Não fosse aquela rainha de copas mal me lembraria de quem fui.
domingo, 3 de abril de 2011
introspectiva
quarta-feira, 30 de março de 2011
trópico de capricórnio
qual ficção celeste
essa linha imaginária
transfigura mapas
e ameniza calores
se não fosse o paralelo sul
onde meu equador abranda
seria liberta a febre tropical
que consome certos limites
hei de controlar meus solstícios
e essa desistência opaca
quase uma declinação ao frágil
hei de controlar as dores
e essa permanência estática
esse meridional em mim
essa linha imaginária
transfigura mapas
e ameniza calores
se não fosse o paralelo sul
onde meu equador abranda
seria liberta a febre tropical
que consome certos limites
hei de controlar meus solstícios
e essa desistência opaca
quase uma declinação ao frágil
hei de controlar as dores
e essa permanência estática
esse meridional em mim
quarta-feira, 2 de março de 2011
Emir

Sou escritora, não poderia ser diferente, entrego-me aos pensamentos inventivos e quero ainda tomar os de todos que estão à minha volta.
Minha poesia é madrugadora e por vezes não me deixa dormir, os versos me estupram, roubam-me a fala, tomam-me o sono matinal.
Fujo do que não entendo, temo o que não entendo e nessa pressa da fuga não trago muita coisa, talvez pouco mais que minhas palavras e imaginação, quem além delas me salvariam do fio aço dos amanheceres rotineiros e quase vazios?
Os olhos trazem cada vez mais farpas de sonhos que foram ficando pelos caminhos, de contos mal feitos, de poesias não terminadas, de palavras sufocadas na ânsia de berrar.
E quantas delas já caíram no esquecimento e nem tentarão sair do cemitério que é meu peito desvalido?
A força que trago em minha carne não é mais que o querer que trago em minha boca falida, por isso caro Emir, não me deixo dormir.
Ao sussurrar histórias mentirosas em seus ouvidos, não era ilusão que costurava naquela colcha de retalhos azul e vermelho. O que eu tentei foram as notas ludibriosas e gentis de Sherazade.
quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011
dorme,

e quando acorda nada diz
enquanto ela veste o manto negro
e sai
desce as escadas
sem olhar pra trás
tomada de algo novo
quase nocivo
rememora o caminho
de volta e ignora
a Constante Ramos
com a Barata Ribeiro
esquece suas unhas carmim
que defloraram o úbere
e as horas insones
sobre o dorso dele
dorme,
que foi só um sonho bom
e ela só levou sua pele
sob as unhas
e deixou gozo sobre seus ais
a mulher adormece deusa
e acorda puta
cata suas sombras
disformes, inodoras
e some
dorme,
e quando acordar nada diz
enquanto ele se cala sob o negro
e vai.
domingo, 9 de janeiro de 2011
não vê
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